O medo que a gente tem quando criança
É de o mundo acabar, num só rompante
E se vê frontal uma labareda enorme,
Pensa-se em uma onda excomunal
Capaz de arrastar a todos, levando às alturas,
E só soltando morto, num galho pendurado.
Enquanto isso a cabeça trama um jeito,
Dessas forças que se imagina vencer,
Pela destreza de criança forte e sonhadora,
Pelos braços que se olha e ver um galho inatingível.
Estamos salvos do fim prenunciados pelo padre,
Não arderemos em fogo dia e noite sem sossego,
Sabemos o jeito de acabar tal atrapalho
Sermos como foi, bondoso e fiel, como Noé.
Irmos no fundo do mundo ver como fica,
Suas entranhas, se abalam com tal notícia,
Ou se tranqüilo vive seus dias comuns,
O mundo é grande, vem a chama
E a gente corre à frente,
Se vem a onda a gente pula e desce.
E como também salvar os pais, os irmãos novos,
E nossos cães: O Trigreiro se garante,
Mas quanto aos outros?
Que não entram nem capoeira, na queimada.
O medo maior de todo menino é este
De ver tudo num momento se acabar,
Não pensam bem, na fadada vida,
Pensam nos abrigos construídos no mato,
Pensam na ira de Deus em sua argüição,
Pois que tantos pecados acumulam,
Aqueles que coçam por serem cometidos,
Embora o padre, a mãe o pai e as meninas vivas,
Reclamem e condenem, esses são inevitáveis
E todos eles cometem, e todas elas tem.
Pois quem comanda a cabeça volátil arbitrária
De um menino que o que faz na vida é só sonhar.
Quando se está velho, desgastado, torto,
Comprometido, morto, o medo é outro contrário,
É que nada venha de extremo e escabroso,
Pelo caminho de suas vistas, sentados, ali, na cadeira,
Contra o sol, remoendo, saudades, todas as tardes
1 comentário:
Entender as ideias que são propostas é simples, mas levá-las à prática não o é.
Lembro o que dizia Confúncio: "É melhor acender uma vela do que maldizer a escuridão"
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