Laura sempre se voltou para o seu corpo; sempre procurou compreendê-lo, adaptá-lo, modificá-lo, torná-lo belo e eternizá-lo. O esvaziamento sistemático da transcendência divina, próprio da modernidade e da sua ciência, levou-a a colocar toda a esperança no corpo, na ideia de o fazer, de o construir, de o dominar e modelar, de o subtrair ao arbítrio absolutista das leis da natureza. No seu vazio transcendente surgiu o narciso por medida: uma cultura da personalidade e da personalização, como os seus mestres lhe tinham ensinado. Só lhe restava durar e conservar-se, aumentar a fiabilidade do seu corpo, ganhar tempo e ganhar contra o tempo.
Laura, ao procurar os caminhos da felicidade, sabia que iria despontar um cortejo de solicitudes, de cuidados, de tratamentos preferenciais, de controlos e de mil práticas e rituais quotidianos de manutenção. Para responder ao imperativo da preservação da identidade, para continuar jovem e não envelhecer. Para reciclar a funcionalidade e combater a adversidade temporal. Para diluir a angústia e degradação das rugas e das heterogeneidades da idade. Para lutar contra a torpeza da decrepitude física. E isto no pressuposto de que às funções orgânicas, sujeitas a leis biológicas, podem ser colocadas exigências sociais, determinando que o corpo humano seja não apenas organismo, mas também um facto sociocultural, podendo ser construído, "dominado" e "utilizado" objectivamente.
Laura sabia que, acessível a partir do exterior e discente na actividade, o corpo é portador de numerosos graus de liberdade. Torna-se objecto de realização num processo em que o "natural" pode ser reformulado no quadro das leis da natureza e sob a perspectiva de objectivos, de exigências e interesses muito distintos. Pode ser feito, construído, adaptado, recriado, modificado, reciclado, apresentado, isto é normalizado segundo ditames funcionais, fantasias, gostos, problemas e necessidades ao sabor da moda. Pode alcançar níveis de funcionalidade concordantes com os mais diversos normativos, nomeadamente o da saúde.
Laura levou longe de mais o seu esforço para ser bela. Escolheu os seus caminhos da felicidade e deixou que o EU tomasse conta de tudo. Não deixou lugar para o OUTRO e não me escutou; o egoísmo abafou por completo o altruísmo.
Adeus Laurinha!
19 comentários:
As vezes a pretensão por uma visão egoísta nos impnha um véu sobre o que mais houver ao redor. Somos imperfeitos.
beijos
Aqui estou a cumprir o convite. De muito boa vontade!!!
Onde é que eu posso encontrar essa Laura????
Abraços!
E era uma vez uma Laura... :p
Obrigada pela visita, Sandokan!
Voltarei :)
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Ola...
"Sandokan" se não fosse um personagem, seria o "meu" homem ideal (rsrs)...
O que se passou com a Laura, passa-se com muitas Lauras do mundo inteiro.... é o eterno descontentamento com o que somos...com o que temos .... e a "imposição" dos "padrões beleza" com os quais somos "bombardeados" diariamente em milhares de revistas e programas de tv.
A "dedicação" ao corpo e a moda é de tal forma absorvente que se acaba por não ter "tempo" para olhar ao redor...e ver...aqueles que nos amam de verdade...
É triste mas é uma realidade cada vez mais presente.
Parabens pelo espaço.
Beijo
Vity
Conheço uma nina que fez teatro comigo há anos, era magra normalissima, ams agora encontrei-a e céus, já não é a mesma..está superanorética. Que corpo que dor kme causou vê-la assim, e diz que já come mais já se está a tratar. Para muitas há remédio, mas para outras não.
Bem eu também sou uma laura laurinha e pensei que era eu que estava anorética quando peso tanto tanto ehhhhhhhh. Beijinho sandokan..da cotinha cheiinha de Braga..
Deixa que toda a felicidade invade o teu ser...
Desejo-te uma boa semana.
Obrigado pelo carinho.
Beijoooooooooo:)
Este mundo não é só feito de Rosas e Lauras, pelo meio há muitas Marias que nada têm de uma ou de outra... são apenas simples mortais sem mais pretensões...
Beijinho da gata
Olá!
Se parássemos de encarar a vida e as pessoas como um jogo e milhões de adversários, muito provavelmente sofreríamos menos, compreenderíamos mais os problemas alheios e encontraríamos muito mais conforto no abraço de cada um. Mas, infelizmente, nos enxergamos como rivais, como se estivéssemos em busca de um tesouro tão pequeno que só poderia fazer vitorioso a uma única pessoa. Ledo engano: o maior prêmio de nossa existência está na capacidade de compartilharmos a vida!
Estamos todos no mesmo barco! Experimente acolher ao invés de julgar, perdoar ao invés de acusar e compreender ao invés de revidar!
É difícil, sem dúvida! Mas é possível e extremamente gratificante.
A vida fica mais leve, o caminho fica mais fácil e a recompensa, muito mais valiosa.
Grata pela visita e pelo carinho deixado.
Tenha uma maravilhosa semana!
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Por vezes o encarar da vida é fatal para quem não a conhece
Sandokan
tus letras siempre logran llegar y una historia que enseña
besitos y una buena semana
Sandokan
siempre encantas, susurros
Sandokan
siempre leo lo que escribes y lo haces con tanta nostalgia y melancolia
te dejo un abrazo y que tu alma este llena de sonrisas y amor
kiss
tantas Lauras que se perdem...
beijos San
Bom dia Sandokan!
A excrita é brilhante. Infelizmente a historia é tragicamente verdadeira, vezes e vezes sem conta.
Bjicos
Pois é, a sociedade assim o obriga, o tempo maldito que passa faz muitas Lauras procurarem o caminho mais fácil...
Beijokas on skin
Triste...Mas importante de ser gritado como alerta.
Obrigada pela visita
Beijinho
MiN
oh e laura partiu...
lol
bjitux e bm feriado
Sandokan,
Eu gostava que me explicasses o porque daquele comentario... Fiquei um pouco pensativa com ele.
Se quiseres, tens o meu mail no meu perfil para me responder.
Beijos e um optimo 25 de Abril.
E existem tantas Lauras...
Mas enfim... Bom resto de semana e um excelente fim de semana! beijinhos
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