Retrato de uma princesa desconhecida
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
6 comentários:
princesas tristes e solitárias... andarão algumas por ai...
gostei de ler.
beijos e bom fim de semana
às vezes é preferível não ser princesa.
Identifiquei-me bastante com a princesa...embora eu penso que tenho destino e não tenho uma vida tão facilitada como as princesas dos contos infantis.
beijo
no me gusta ser princesa, kiss
...ah!...quantas princesas não andarão por aí perdidas num mar de solidão...
Umabraço
Freyja,
À vezes fico com a sensação de que as verdadeiras princesas são apenas fruto da nossa imaginação.
Beijinhos.
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