quarta-feira, dezembro 10, 2008

03. NATAL um momento exclusivo aos homens, dado por Deus. Tempo de reflexão de nossas vidas. Se estamos agindo como seres, a imagem de Deus, ou se nos perdemos, em cor e formato diante do que tem na terra de atrativodestrutivo.
Uma composição minha com a louvação de um dos grandes cantores do Brasil. XANGAI.

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FERNANDO PESSOA


Fernando Pessoa, Instrumentotérreo
Da sonata dos meus ais.
Um guizo que flutua entre o céu e a terra,
Um barulhinho bom, uma harpa.
A cortejar meu coração.
Aceitei os teus encantos
Porque eras a minha vida viciada
Porque fostes a minha luta embriagada
Pois eras um Zeus de Deus
Um confortável companheiro nas noites quietas
Uma companhia que em tudo se faz presente.
E que me deu a mão como um arrimo
Que escrevestes em mim, cartas de amor
Amor de amar, amor de irmão.
Pai fostes o meu, mais demorado
E eu irmão de tuas mãos que afinam o lápis
Primo de teus encantos, sermões das montanhas
Que te multiplicastes, um milagre de pão,
Da forma, da miséria alheia, que te torturavam
Aprendi contigo, pessoa do meu rebanho,

A andar perto e distante dos astros incandescente, perigosos
Visto que o ataque do coração, eu reagia,
Como quem sabe. Dando mil pulos mortais.
Amo a pessoa de Pessoa bom, e lindo no tudo
Na endireitada e combinada farda preta
Que se via a tarde, quando regressavas,
Não se sabia de onde... De um velório de outro,
Ou de tua própria morte, exausto de fazer milagres.
Acompanhado de perto e de longe dos fariseus
Que te acomodavam no leito da estrada
Quando seguias bêbedo, de amor, de sonho
E do teu legado, o que deixastes impresso
Nas almas dos outros, o que recitavas por onde caminhavas
Até à beira dos rios, numa nostalgia
Fácil de se sentir, em tua pessoa.
E nós, zelosos por essas tuas filhas,
Fomos nos casando, cada um com uma,
Ah, a bigamia, aos teus olhos seriam,
Incisivamente perdoável,
Porque amastes a muitos, amastes aos muitos,
E eu amo toda gente que são pessoas assim.

Beijos, saudades.
Naeno