terça-feira, outubro 28, 2008

CAILEEN


Gosto dos sorrisos entreabertos de todos os rostos… Gosto das palavras com laivos de infância que, de vez em quando, surgem no meu amanhecer. Não é muito difícil chegar aqui e ver que alguém, inexplicavelmente, me fala das coisas que gosto: unicórnios, cantos sombrios, joelhos esfolados, choros baixinhos, faróis e vaga-lumes… Há quem me envie músicas que transformam a minha página no murmúrio suave das águas dos rios. Há quem não diga quase nada e diga tudo nas pétalas brancas de uma rosa. Há quem me envie amor… Nunca sei responder muito bem a quem me envia amor porque acho que o amor tem vários rostos e todos eles cabem na minha alma. Há quem faça de uma taça a celebração de uma voz que se esconde na bruma ou seja a intenção indelével de um encontro onde as horas do dia se transformam em degraus por onde posso ascender ao cume daquilo que não sei descrever mas que é, inexoravelmente, esse não sei descrever, a minha forma de estar aqui. Há quem me fale de assuntos sérios e que me fazem pensar….Há quem faça disparar em mim a paz e os conflitos… Gosto das palavras que me amordaçam e das que me libertam porque é sempre com um fôlego novo que dou volta às situações que se me deparam. E nunca a voz dos poetas se atrofiou dentro de mim. Descobri-lhe o destino nos momentos breves em que apenas contemplo a imensidão do mundo. Há cambiantes diferentes, rumos traçados num empolgar de sentimentos como se eu caminhasse nas margens brancas das minhas memórias. Há o soçobrar de um beijo que escorre lânguido nos versos que ainda não inventei porque o tempo que vivi e o que sei se escapa por entre os dedos das mãos. Há colchas de retalhos e girassóis na lua quando sigo com o olhar outro olhar… Quando o silêncio não é mais de que uma lágrima e a emoção que brame um grito retardado. Circunscrito a um espaço, cujas fronteiras desconheço, existem planícies e desertos. Sigo o declive das dunas e partilho com o vento os passos de uma dança. Reinvento-me ao som dos tambores que sinto rufar dentro de mim. É assim que estou aqui. Um ritmo e uma dança. Passos brancos na lua por aquilo que sinto e que me vem do lado em que vocês estão… O meu profundo reconhecimento. Contai comigo sempre!