quinta-feira, fevereiro 19, 2009

ENXOTA

Enxota de sobre mim o teu olhar enigmático
Porque dele já sou cativo.
Teus cabelos são como um rebanho de ovelhas negras.
Tua fronde é como um templo canonizado
Teus olhos de pássaros entre teus cabelos
Teu ventre como um elevado no deserto envolto de açucenas do campo.
Teu nariz se parece uma torre guardiã, de onde se vê todo o mundo, abaixo.
Teus adornos descansam e riem pelo teu corpo.
E eu cativo nas tuas madeixas, especiosas.
De ti nasce o amor, amada minha. De ti nasce a delícia e a volúpia da vida!
Tu minha cúmplice, minha confidente.
Teu nome Gina, esposa minha, é suave aos meus ouvidos
E aplaca os meus temores.
Vem linda, minha, por amor. Meu coração se rachará de gozo
E assim, conhecerás sua imensidão.
__________________________
Naeno* com reservas de domínio
MATULÃO

Vivo das lembranças...
De levantar do chão meus pés andarilhos.
Nessas investidas, quase muito eu vi.
A florada no seu tempo certo,
E escutei com displicência o argumento dos homens
Duvidosos das chuvas, de língua seca.
Morro das lembranças
Eu apanhando do chão
Meu matulão cansado da estrada
E eu um homem desertificado,
Orado, rezado, benzido pelas sombras boas.
Cacho de alecrim, pra espantar mutuca,
E deixar um cheirinho
Que a gente logo abusa.
E de noitinha ouvir a sinfonia mais desencontrada
A saparia escondida, do maestro ensaboado.
Araras no topo jogando migalhas,
Que até eu, de fome, que chega às mesmas horas
Peguei e comi lembranças do chão.
Adoeço só de ver as estradas encobertas
E um céu sem uma nuvem que se pise.
Quanto mais me disto desses lugares meus.
_________________________________
naeno* com reservas de domínio