
Quando o navio negreiro
Em nosso cais aportou
Trouxe esse povo matreiro
Em sua carga de dor
Quando o navio negreiro
Singrou o mar do Brasil
Trouxe em seu porão cargueiro
Toda tristeza de dor.
Donde arrancaram esse povo
Acorrentado ao convés
Sem ser ralé nem estorvo
Sendo rainhas e reis
De que África trouxeram
Tanta beleza e altivez
Junto com elas vieram
Cantos, danças e nudez.
Quando o navio zarpou
Carregado de maldade
Trouxe o lamento, o langor
E a invenção da saudade
Que seja banzo se nome
Inversa felicidade
Que seja tristeza e fome
Seja um chorar de verdade.
Negra canção da viagem
De desterro e solidão
Tostando a negra plumagem
De estranha navegação
Quem sobrevive é ninguém
Nota da negra canção.
canção de Naeno e Climério Ferreira
2 comentários:
eres un gran poeta
besitos
Belo poema!
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