segunda-feira, junho 11, 2007

BRECHANDO DRUMOND

Viver é uma dor
Certo, como as palavras aproveitadas.
E essa dor está em tudo vivido,
Em tudo que fora sonhado, perdido.
Partido do verbo nas duas conjugações.
Do que não podemos fazer, usufruir,
E sonhar desenfreado, isolado sem o sonho.
E por amor sofremos tanto e mais!
E o que todos sempre desejam
Era que a vida não nos provocasse sofrimentos.
Que bom seria apenas rendermos graças
Por essa pessoa que a gente ama
Sempre perto de nós,
Nos proporcionando um sentimento grande,
Em beleza, com a expectativa,
Que o próprio amor presume,
A companhia boa por um tempo
Mesmo insuficiente, mas que pode
Ser até eternamente, um tempo feliz.

E porque a vida é uma dor?
Porque não contamos
As partes boas que tiramos dela
Pelos sonhos voluntários que
Projetam-nos ao impossível
Ao que não faz parte dela.
E ele em não podendo, nos nega.

Por todos os sortilégios, campos floridos,
Cidades idas, a vida dos outros.
Que gostaríamos de termos passado,
Nós e o nosso amor. E por motivos, que costumamos
Chamar azar, não tivemos a oportunidade
De fazê-lo.
Pelo material abundante na mão de muitos
Que desejamos, fosse nosso
E não tivemos por uma contensão institiva
O prazer de procurarmos.
Pelos filhos que projetamos de nós
E que são outros, na mesma vida,
E agimos como se nem os tivéssemos.
Ou pelos que de fato não tivemos,
E da mesma forma projetamos dentro de nós.

Pelos beijos negados,
Porque vivemos muito de parecer sem fim
O calvário।


Viver é uma dor!
Porque temos um trabalho que nos exige muito
Por todas as obrigações com a família,
Tirando-nos o tempo livre
Que poderíamos usufruir com nos mesmos,
Indo ao bar, marcar encontros com os amigos,
Amar, demorar deitado, banhar sem pressa,

Ir às encostas floridas sentir o cheiro
Dos lírios silvestres,
Ouvir os pássaros cantando com disposição
Nas copas das árvores.A vida dói
Não porque fomos mal gerados,
Ou tivemos problemas com o nosso nascimento
Não por que nossos pais não foram
Pacientes conosco em nossa meninice,
E ainda hoje se mostram duros e alheios
Ao que fazemos ou deixamos de fazer.
E quando vivemos as nossas mais doidas angústias

Nem sempre contamos com um amigo
Que saiba lidar com a gente,
No jeito que aquele momento nosso,
E doloroso exige e parecem não nos compreender.

A vida dói!
Não por que confiscaram
Parte de nosso salário, que já considerávamos injusto,
Mas pelos tempos de vôos que
Que nos permitimos todos os dias.
Pela dedução errada de que nossa vida
É um quinhão passado para o nosso nome,
Que a ninguém interessa,
Que ninguém bota preço.
A vida é uma dor!
Porque da mesma forma
Como nos dispomos a negociar a nossa
Outros nos oferecem as suas,
E em nenhuma vemos graça
.

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