domingo, agosto 05, 2007

SONETO DE TODAS AS PUTAS

Não lamentes, oh Nice, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas tem Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:

Dido foi puta, e puta de um soldado;
Cleópatra por puta alcança a c'roa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado:

Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda há pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:

Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques pois, oh Nice, duvidosa
Que isso de virgo e honra é tudo peta.



SONETO DE TODOS OS CORNOS

Não lamentes, Alcino, o teu estado,

Corno tem sido muita gente boa;
Corníssimos fidalgos tem Lisboa,
Milhões de vezes cornos têm reinado.

Miguel foi corno, e corno de um soldado:
Marco Antonio por corno perdeu a c'roa;
Anfitrião com toda a sua prol
Na Fábula não passa por honrado;

Um rei Fernando foi cabrão famoso
(Segundo a antiga letra da gazeta
E entre mil cornos expirou vaidoso;
Tudo no mundo é sujeito à greta:
Não fiques mais, Alcino, duvidoso
Que isto de ser corno é tudo peta.



SONETO DO PRAZER MAIOR

Amar dentro do peito uma donsela;

Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura;
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.


SONETO DO PRAZER EFÊMERO

Dizem que o rei cruel do Averno imundo
Tem entre as pernas caralhaz lanceta,
Para meter do cu na aberta greta
A quem não foder bem cá neste mundo:

Tremei, humanos, deste mal profundo,
Deixai essas lições, sabida peta,
Foda-se a salvo, coma-se a punheta:
Este prazer da vida mais jucundo.

Se pois guardar devemos castidade,
Para que nos deu Deus porras leiteiras,
Senão para foder com liberdade?
Fodam-se, pois, casadas e solteiras,

E seja isto já; que é curta a idade,
E as horas do prazer voam ligeiras!
Se pois guardar devemos castidade,

Para que nos deu Deus porras leiteiras,
Senão para foder com liberdade?
Fodam-se, pois, casadas e solteiras,
E seja isto já; que é curta a idade,
E as horas do prazer voam ligeiras!
Sonetos tirados do blog de Helena Nunes

1 comentário:

Menina do Rio disse...

Visto por este angulo, só resta mesmo f...já que as horas de prazer são tão ligeiras!

beijos