sexta-feira, fevereiro 12, 2010

DIANTE DOS OUTROS

Ainda hoje tento ver-me, como um prematuro gesto, de depois poder enxergar o resto do mundo.E sinto dificudades nissto. A dedução mais atrevida a que até é a de sempre me esguio de me ver, não no espelho, porque à frente dele damos mais cuidado e observamos mais, nossos dentes, nossa barba, a roupa que vestimos.
À frente de mim verdadeiro, nunca me pus até porque mais pessoas me disseram ou sugeriram que o mais difícil reside em reconhecermos nossas fraquezas, nossos limites, se até a visão do espelho.
Já tentei retirar a trava do meu olho, e formei um tribunal, onde o réu era eu, e eu teria também, o poder de me condenar ou me absorver.
Preferi me absorver, absorver-me de minhas bondades, dos meus gestos lindos, da minha solidariedade, do reconhecimento de que admito a igualdade entre todos os seres, todos com os mesmos direitos. Mas tratei-me diferentemente do que quando faço com os outros. O meu ego e a vontade de ser menor ou maior, que alguns, não deixaram-me convencer, diante do promotor e dos dois advogados de acusação e defeza.
Não há concentração em mim por mim. Sei que muitos me olham, uns me vêem um puta ser humano, um dos corações mais abrazados pela dor de um irmão, mas também percebo a rejeição, a inveja, o tédio em viver no meio destes, que saio,às vezes correndo para a minha cama e lá derramo como quilos de feijão no seu depósito hermético.
Quanto aos amigos de longas datas, os novos, esses eu procuro manter, por que às vezes vejo neles uma estampa bela, quanto a mim, a tela, só olho o preço.

Um abraço fraterno
NAENO ROCHA

2 comentários:

Anónimo disse...

Sou advogada... o símbolo do direito é uma balança... Não se cobre tanto assim e não coloca seus acertos e erros numa balança, pois as vezes pode pesar para um lado ou não... Nunca teremos as respostas certas, pois Deus está a todo instante mudando as perguntas... Texto extraordinário. Congratulations.

Manuela Freitas disse...

Gostei muito do texto, quantas vezes entramos nessas divagações!...
Para mim o que considero que melhor me faz é aceitar-me na névoa do dia a dia e aceitar o que os outros são com o vidro opaco que trazem com eles...Conhecer-me? Conhecer os outros? Não!?... Vamos descobrindo, não adianta ser carrasco...o que é importante é ir limando as arestas com o conhecimento...
Um abraço,
Manuela