quinta-feira, março 22, 2007

RELÓGIO

Ontem as vinte e duas horas e quarenta minutos
Horário oficial de Brasília,
Eu estava ardendo em febre, suando.
E na tiragem dos meus uis, contados,
Uns vinte e tantos mil, falei, quietei
Aos teus ouvidos.
E de febril, de puro amor, o meu remédio,
Tomei por tantas horas, em tantos goles,
Que me embriaguei. Caí sobre o teu corpo,
E amando-te voluptuoso, transpirei,
E a febre não passava. Passavam as horas.
Já pela madrugada, ainda eu te amava.
E pela manhã, à hora da voz do Brasil,
Eu te amava.
Em meu delírio, uma poldra branca,
De crinas alvas e esvoaçantes,
Carregava-me sobre seu dorso.
E eu galopei vinte e quatro horas,
Sobre um leito de areia fina.
E nas esquinas por onde andei,
Espantava-me o medo, de cair
Por tua cabeça,
Quando te inclinavas a me beijar,
Fazendo. Aproximadamente,
Dez anos se passaram
Sem que este despojo passasse.
Eu na tua crina seguro,
E tu em meus flancos grudada.
Amar faz a gente perder a noção do temo,
Mas se tem ciência dos espaços
E não se perde o tempo, se acha.
Mesmo estando dentro das grutas
Mais escruras, como as que passamos,
E vimos dentro animais atônitos,
Encontrávamos-nos.
Permitíamos-nos..
Como os ponteiros dos relógios,
Ora por cima, ora embaixo,
Ora não se distinguindo o prazer do bom,

Quão gostoso é o contar das horas.