segunda-feira, maio 30, 2011




CONFIÇÕES DO BUCAÇO

Você se abrigou em minha existência
Como um barco amarrado
Num cais petrificado
De um rio sem seqüencia.

Você fincou seus braços
No meu profundo sapé
E aprofundou meus telhados
Nas minhas fantasias deslembradas.

Você ergueu sua casa
Nos meus limites em conflito
E o mundo ficou mais bonito
E foi além da parada.

Me deixando sem nascente
Sem o borbulho, o aguado
Sem o horizonte plainado
Nas vistas do sol poente.

Você se fez tão amiga
Nesta saudade deixada
Quando sentida cantou
A canção já esquecida.

E eu tenho já de tirar
Você da minha invenção
E criar outra esperança
Vendo você me morar.

Ausenta o alto da vida
E expõe a mim a ferida
Que o tempo passou esquecido
O meu olhar de criança
Se inquieta e nunca cansa
E do que vi, a esperança
Da vida voltar além.

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