domingo, fevereiro 18, 2007

INQUISITORES

É uma cidade pequena
Perdida em seus limites
De que não se sabe nada.
Seus segredos e pecados
São contados ao pé do ouvido
E ela ainda se divide
Em parte baixa e de cima.
Lá os erros perdoáveis
São como comida de gosto ruim
E quem se perde engole
E não pode cuspir depois.
As faltas que aos Santos cabe perdão
Saem em jatos pela boca
E a cidade toda, assim separa
Os puros dos apedrejáveis,
Os testemunhos dos comparsas.
Os condenados, que a se condenam
Convivem com o dilema:
Cumprir a pena, rezar, jejuar,
E quando mais anda a estória
Mais, denunciam-se, escória
Na cidade não tem perdão,
Não existe alguém que a outro perdoe
E na pequena cidade é assim,
Ninguém ostenta luxos,
Ninguém lança aos urubús
Restos do que comeram.
A falta que cada um conta
Grave, que não se ausenta,
Leve, que não dá tormento.

2 comentários:

Sandokan disse...

Muito bem seu NAENO. Com toda a sua filosofia poética pode levar-me a essa cidade?

Nanny disse...

Já te tinha procurado neste universo da blogosfera e venho encontrar-te nesta cidade pequena...

Como todas as terras pequenas, também nelas as pessoas se vão tornando pequenas de mente (ou dementes), fechadas sobre um círculo vicioso e viciado de falsas virtudes e muitos preconceitos.

Não deixes de voar para fora desse círculo, nem que seja na tua mente...

Beijo da gata